Você já parou para pensar que quando um filme é muito bom, ele nos “hipnotiza”? Filmes nada mais são que estórias bem contadas e dramatizadas. Às vezes, são tão envolventes, que esquecemos nossas convicções e crenças enquanto os assistimos. Sem querer, nos deixamos ser levados por lições sutis de como nos comportar, pensar e até mesmo enxergar a realidade. Se pararmos pra pensar, percebemos que estamos torcendo para que um grupo de ladrões inteligentes roube o cassino sem ser pego (Onze Homens e um Segredo) ou um anjo abra mão de sua divindade para experimentar o amor humano (Cidade dos Anjos). No final, acabamos absorvendo pontos de vista que afetam a nossa fé e imaginação, pois todo filme é baseado em uma visão de mundo.
Sabendo disto, te pergunto: você assistiu “Avatar” no ano passado? Curtiu os efeitos especiais? Vamos falar um pouco deste exemplo então... Neste filme, somos transportados para o ano de 2156. Jake Sully é um ex-fuzileiro convidado a assumir o lugar de seu irmão gêmeo falecido em uma missão no planeta Pandora. Para isso, ele comandará através de sensores neurológicos o corpo artificialmente desenvolvido de um Na’vi, espécie alienígena azul que vive naquele ambiente, tentando usar este avatar para se aproximar da população nativa a fim de convencê-la a deixar suas terras, já que o solo contém grandes quantidades de um metal valiosíssimo.
Para entender um pouco do contexto do filme, é importante conhecer quem o criou. James Cameron, o mesmo diretor do “Titanic” foi quem produziu e dirigiu. Ele é ateu convicto e há alguns anos atrás, produziu um documentário chamado"O túmulo perdido de Jesus" (2007), em que um grupo de cientistas alega ter encontrado um túmulo com as ossadas de Jesus junto com a ossada de Maria Madalena. Não dá pra negar que o filme traz visões distorcidas de Deus, considerando a própria fé (ou falta desta) do diretor. Os Na’vi, por exemplo, possuem sua própria espiritualidade. Eles conversam com seus antepassados através do deus-Eywa, chamada de Grande-Mãe, uma espécie de força da natureza que controla tudo, entrando em choque direto com a verdade bíblica que afirma que consultar os mortos é abominação (Dt 18:9-12). O deus dos Na’vi é a própria natureza, mostrando um discurso claro da Nova Era. Como cristãos, é inegável que precisamos cuidar e preservar a natureza, porque o Senhor é percebido por meio das coisas que Ele criou (Romanos 1:20). No entanto, a idéia transmitida é que deveríamos cultuar a criação e não o Criador. Para a filosofia da Nova Era, presente em Avatar, Deus seria uma energia universal, sendo um substituto para a religião. No entanto, o que nos leva a Deus é Cristo (João 14:6) e sua morte foi real e dolorosa, não sendo uma mera ‘energia’.
Apesar disso, discussões interessantes são abordadas como o conflito de identidade que o personagem principal enfrenta. Acolhido pelos Na’vis, Jake passa a absorver a cultura e a religião daquele povo e aos poucos se encanta por aquele mundo. Durante o filme, o coronel Quaritch o questiona sobre qual lado ele estaria: dos humanos ou dos Na’vi? Trazendo esta discussão pra nossa realidade, posso afirmar como jovem que não é simples fácil uma postura firme de seguidor de Cristo quando estamos fora da igreja. Às vezes, nos contaminamos com os valores do mundo e esquecemos que somos forasteiros e peregrinos neste planeta (1 Pedro 2:11), sendo esta nossa verdadeira identidade.
No mundo real, é necessário que também tenhamos coragem para responder de que lado estamos. A Bíblia fala que somos pecadores redimidos e pelo sangue de Jesus, nos tornamos amigos de Deus (Romanos 5:8-10). No entanto, ainda vivemos em um mundo de trevas. Em um extremo, temos os valores corrompidos desta geração. Do outro, temos as verdades bíblicas eternas que nos trazem vida em abundância (João 10:10)
No fim das contas, Jake acaba vendo que para se tornar um Na’vi, ele precisaria nascer de novo, como é dito no filme. No momento que ele chega na tribo, ninguém acredita em sua mudança. Eles dizem que é “difícil encher um copo que já está cheio”. Na nossa caminhada com Cristo, também precisamos nos esvaziar do que há de cheio em nós, como nosso egoísmo e orgulho. Deus quer que estejamos ao Seu lado para que Ele conduza nossos passos e nos dê o caráter de Seu Filho. Ele quer que sejamos seus amigos verdadeiros (João 15:15) e cooperadores de sua obra neste mundo (1 Coríntios 3:9). Como Jake, precisaremos tomar uma postura. Somos um povo separado vivendo em um mundo caído. É necessário decidir se desejamos experimentar a supremacia de Cristo ou do mundo. A pergunta do coronel é pertinente e fica como reflexão: de que lado nós estamos?
Igor Thiago Batista Cupertino